Políticos de esquerda ou de direita , continuam a não entender as coisas. Eles acham que o inimigo desaparecerá no instante em que mudamos a maneira como servimos das nossas armas.
Geração após geração, encontramos desculpas para odiar e desumanizar os outros e sempre nos justificamos com a retórica política que nos parece mais amadurecida.
Nós, seres humanos, somos Homo hostilis, a espécie hostil, o animal que fabrica inimigos. Somos levados a fabricar um inimigo como bode expiatório para carregar o fardo da inimizade que reprimimos. Do resíduo inconsciente da nossa hostilidade, criamos um alvo; dos nossos demônios particulares,conjuramos um inimigo público. E, mais que tudo, talvez as guerras em que nos envolvemos sejam rituais compulsivos, dramas da sombra nos quais tentamos matar aquelas partes de nós mesmos que negamos e desprezamos.
Em vez de sermos hipnotizados pelo inimigo, precisamos começar a observar os olhos com os quais vemos o inimigo.
Parece improvável que alcancemos qualquer sucesso no controle da guerra a menos que cheguemos a compreender a lógica da paranoia política e o processo de criação da propaganda que justifica a nossa hostilidade. Na verdade, amamos ou odiamos nossos inimigos na mesma medida em que amamos ou odiamos nós mesmos.
O Homo hostilis é incuravelmente dualista, um maniquea moralista.
Nós somos os inocentes
Eles são os culpados
Nós dizemos a verdade – informamos
Eles mentem – usam a propaganda
Nós apenas nos defendemos
Eles são agressivos
Nós temos um departamento de defesa
Eles tem um departamento de guerra
O mais terrível de todos os paradoxos morais, o nó górdio que precisa ser cortado se quisermos que a História prossiga , é que criamos o mal a partir dos nossos ideias mais elevados e das nossas mais nobres aspirações.
Texto – Ao Encontro da Sombra – Connie Zweig e Jeremiah Abrams – Editora Cultrix
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