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Homos Hostiles – A Psique Guerreira

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Homos Hostiles – A Psique Guerreira

 

A Batalha – Symbolon Cards

Antes de criar um inimigo, criamos a imagem e depois as armas.
Políticos, de esquerda e de direita, continuam a não entender as coisas. Eles acham que o inimigo
desaparecerá no instante em que mudarmos a maneira como nos servimos das nossas armas. Os conservadores acreditam que o inimigo se assustará e ficará manso se tivermos armas maiores e melhores. Os liberais acreditam que o inimigo se tornará nosso amigo se reduzirmos
nosso arsenal bélico.
Ambos raciocinam a partir de premissas racionalistas e otimistas: nós, seres humanos, somos racionais e pragmáticos animais fabricantes de ferramentas. Ao longo da história, já progredimos bastante e nos tornamos o Homo sapiens (“homem racional”) e o Homo faber (“homem ferramenteiro”). Portanto, podemos fazer a paz através de negociações racionais e do controle de armamentos.

Só que isso não está funcionando. O problema parece estar, não na nossa razão ou na nossa tecnologia, mas na insensibilidade dos nossos corações. Geração após geração, encontramos
desculpas para odiar e desumanizar uns aos outros e sempre nos justificamos com a retórica
política que nos parece mais amadurecida. E nos recusamos a admitir o óbvio. Nós, seres
humanos, somos Homo hostilis (“homem hostil”), a espécie hostil, o animal que fabrica inimigos. Somos levados a fabricar um inimigo como um bode expiatório para carregar o fardo da inimizade que reprimimos. Do resíduo inconsciente da nossa hostilidade, criamos um alvo;
dos nossos demônios particulares, conjuramos um inimigo público. E, mais que tudo, talvez as guerras em que nos envolvemos sejam rituais compulsivos, dramas da sombra nos quais continuamente tentamos matar aquelas partes de nós mesmos que negamos e desprezamos.

Culpa produz culpa. Logo, a pessoa ou nação paranoica criará um sistema de ilusão compartilhado, uma paranoia à deux. O “sistema de inimigo” envolve um processo de dois ou mais inimigos que lançam seu lixo psicológico (inconsciente) no quintal uns dos outros.

Atribuímos a eles tudo aquilo que desprezamos em nós mesmos.

Esse processo de projeção inconsciente da sombra é universal, os
inimigos “precisam” um do outro para se livrar das toxinas psicológicas acumuladas e reprimidas. Formamos um laço de ódio, uma “simbiose hostil”, um sistema integrado que
garante que nenhum de nós será confrontado com a sua própria sombra.

O Homo hostilis é incuravelmente dualista, um maniqueu moralista;
Nós somos inocentes.
Eles são culpados. Nós dizemos a verdade — informamos,
Eles mentem — usam propaganda. Nós apenas nos defendemos,
Eles são agressores. Nós temos um departamento de defesa,
Eles têm um departamento de guerra. Nossos mísseis e armamentos destinam-se a dissuadir,
As armas deles destinam-se a atacar primeiro.

Buscamos bodes expiatórios e criamos inimigos absolutos, não por sermos intrinsecamente cruéis mas porque o
fato de focalizarmos a nossa raiva sobre um alvo externo e atingirmos um estranho faz a nossa
tribo ou nação se unir e nos permite fazer parte de um grupo restrito e bom. Criamos um superávit de mal porque precisamos pertencer ao nosso próprio lugar.
Se queremos a paz, cada um de nós precisa começar a desmitificar o inimigo; deixar de politizar os eventos psicológicos; reassumir sua sombra; fazer um estudo complexo das mil
maneiras pelas quais reprimimos, negamos e projetamos o nosso egoísmo, crueldade, avidez, etc. sobre os outros; e conscientizar-se da maneira pela qual inconscientemente criamos uma psique guerreira e perpetuamos as muitas formas de guerra.

Bibiografia – Ao Encontro da Sombra

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