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A EVOLUÇÃO DA MÃE NO TARÔ

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A EVOLUÇÃO DA MÃE NO TARÔ

Os primeiros conjuntos de tarô pintados à mão no norte da Itália no século XV impulsionaram imagens de querubismo, imagens de anjos e figuras enigmáticas com suas vestes de ouro.
Num primeiro momento parece que a imagem da mãe estava ausente nestes primeiros tarôs.
Embora as imagens maternas não serem explicitas, vou defender que a figura da mãe sempre esteve presente nas cartas do tarô de alguma forma, apesar de que o retrato da maternidade não fosse o objetivo nestas lâminas.
Nos trunfos do Tarô, a mulher apareceu como personificações femininas no arcano da Lua e a Astrologia, nas virtudes cardinais e teológicas como a Papisa ( Sacerdotisa) e como a Imperatriz. Quem governava o Arcano do Mundo, o mais poderoso dos Arcanos Maiores também era uma mulher.
As Rainhas foram adicionadas para as cartas da corte que anteriormente eram governadas pelos Reis, Cavaleiros e Pajens.
Nos últimos quinhentos anos a figura da mãe tornou-se cada vez mais significativa. Concluindo vou demonstrar que a figura da mãe tornou-se explicita e integrada aos Arcanos do Tarô.
O Tarô foi criado no século XV pela corte do duque Filippo Maria Visconti de Milão, apreciador da Astrologia e dos jogos de tabuleiro. As 78 cartas evoluíram do jogo de baralho, que foi trazido à Itália pelos mamelucos na segunda metade do século XIV. Foram adicionadas as antigas cartas de jogo , os arcanos numerados e o Louco. As Rainhas também foram acrescentadas nas cartas da corte depois que o Tarô se popularizou na França e na Inglaterra.
A Rainha como consorte do rei e mãe de seus reais herdeiros encontrou seu lugar nas cartas da corte. Na maior parte da Europa a corte só possuía o sexo masculino. Na Alemanha e Suíça eles governavam com os nomes de Konig, Obermann e Untermann, todos do sexo masculino.
Para entender melhor o simbolismo destas cartas é necessário saber para que fim o tarô foi criado. Não há indícios de que o Tarô foi criado para algum fim esotérico ou ocultista ou que ele continha códigos secretos de informações cabalistas. O baralho original era utilizado para um jogo semelhante ao jogo de Bridge e não tinha nenhuma função adivinhatória até o final do século XVIII. Por não conhecermos a história do tarô é difícil compreender porque ele não serviu a esta função desde o seu aparecimento. A resposta pode ser encontrada na Renascença, época em que a Magia e a Adivinhação foram proeminentes. Acreditava-se que Deus dava pistas escondidas na Natureza e que só um astuto observador tinha o poder de decifrá-las, a fim de conhecer a Mente de Deus. Assim, as causas das tempestades,da infelicidade e da fome poderiam ser decodificados , como também os bons augúrios, pela observação movimento das estrelas ou até mesmo os atributos físicos de um corpo humano .Os primeiros jogadores de tarô só o usavam para o fim que ele foi criado: jogatina. Na época as formas de adivinhação que exigiam invocações, petições escritas ou o uso de sinais era condenada pela Igreja e consideradas diabólicas e atraíam o olhar impiedoso da Inquisição. Portanto o tarô era para ser considerado um jogo, tal como o xadrez ou o gamão e assim ficava isento de proibições contras jogos de cartas e azar. Na Brescia em 1489 e em Bergamo em 1491 as leis excluíram os jogos de gamão, xadrez e o “Jogo de Trunfos” ou Tarot.
O jogo de Tarô funciona como uma alegoria para a vida.Os Trunfos do Tarô Visconti-Sforza contam uma narrativa da história da família Visconti culminando com a gloria de Milão, Arcano 21. Os acontecimentos históricos foram temperados pela Roda da Fortuna, A Morte e o Amor, experiências de qualquer ser humano, como também o controle da Igreja no arcano O Papa e as virtudes teológicas. A Torre, arcano XVI, representava o infortúnio da família Della Torre que eram arqui-rivais dos Viscontis e foram derrotados por eles.
O tarô foi criado como um jogo e os trunfos (os 22 arcanos maiores) foram criados para serem as cartas mais fortes dentro de uma jogada. Tentar organizar a ordem numérica dos Arcanos Maiores é problemática, as seqüências variam de região para região.
Voltando ao feminino nos Arcanos, a águia no escudo da Imperatriz desmente a sua ligação com os Habsburgs. O papel do Império era de proteger o Papado e os membros papais. Tal como acontece com a Rainha nas cartas da corte, a Imperatriz foi a mãe de seu império, a consorte e mãe de seus herdeiros. Vários autores sugerem que a Imperatriz esconde uma gravidez sob seu manto real.
A Papisa pode representar Manfreda di Pirovano, uma parenta da família Visconti, que pertencia a Gugliemites, uma herética seita fundada por Gugliema da Boémia.
Gugliema chegou em Milão com o filho no ano de 1260, escolhendo viver como um pinzochera – uma mulher religiosa que morou com independência, em sua própria casa.
Irmã Manfreda era conhecida pela sua gentileza e suavidade, a noiva de Cristo. Ela era considerada a mãe de seu rebanho e a mãe para dos pobres de Milão.
Outra referência à maternidade nas cartas do tarô refere-se à Lua, Virgem Maria.Uma mulher detém uma lua crescente em sua mão direita, logo acima da cabeça. Ela veste um vestido vermelho com as mangas azuis e tem os pés descalços e pode ser uma personificação da Astrologia, mas mantém alguma ligação com a Virgem Maria (Lua). Maria freqüentemente é associada com a Lua e sua humildade é caracterizada pelos seus pés descalços. Em algumas tradições a Lua foi relacionada com o Antigo Testamento.
Outras mulheres no tarô são incluídas nas virtudes cardinais da Justiça, da Força e da Temperança. As virtudes teológicas também foram incluídas no Arcano A Esperança , a Fé .
O jogo de tarô se espalhou rapidamente por toda a Europa e a ordem numérica das cartas se tornaram padrão, o que não acontecia antes do século XVIII. Entre 1773 e 1782 Antoine Court de Gebelin, publicou seu livro intitulado Le Monde Primitif Analyse et Comparar avec le Monde Moderne e relata que no final do século XVIII se deparou com algumas senhoras jogando o tarô e teve uma visão de que o Tarô tinha vindo do Egito.
O resto da história vocês já sabem. Afinal Gebelin contribuiu para que o tarô fosse conhecido como um oráculo adivinhatório e esotérico. Os ocultistas começam a fazer pontes entre as 22 letras hebraicas e os 22 arcanos maiores , misturam tudo a Cabala ,aos signos zodiacais e aos quatro elementos.
Em 1909 Arthur Edward Waite com Pamela Colman Smithm concebem um tarô e criam o baralho que se tornou o mais popular até hoje, o baralho Rider-Waite e a Imperatriz já não é apenas a consorte do Imperador; ela assume algumas das qualidades da Mãe Terra, uma ideia que se tornou muito popular no século XIX.

Fontes : TAROT: AN EVOLUTIONARY HISTORY. – Farley Helen

The evolution of the ‘mother’ in tarot. 
Publication Date: 01-OCT-06
Publication Title: Hecate 
Tradução : Vera Chrystina

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