Quíron, o curador ferido
Quíron, na mitologia grega, era um centauro, considerado superior por seus próprios pares. Ao contrário do resto dos centauros que, como os sátiros eram notórios por serem bebedores contumazes e indisciplinados, delinquentes sem cultura e propensos à violência quando ébrios, Quíron era inteligente, civilizado e bondoso, e célebre por seu conhecimento e habilidade com a medicina.
Ele fora acidentalmente ferido com uma flecha envenenada lançada por Hércules. Por ser imortal, ele não faleceu por causa deste ferimento, todavia, essa ferida era incurável, e se tornou um sofrimento crônico. Tal situação de desconforto fez com que Quíron, a partir da sua própria dor pessoal, pudesse entender a dimensão do sofrimento daqueles que curava. Isso o transformou em um exímio curador e o fez ser considerado o “Pai das Terapias Curativas” sendo chamado de “Curador Ferido”. Carl Jung se apropriou dessa imagem para dizer que um terapeuta pode ajudar na cura de pessoas, por ele mesmo ser um doente e ser capaz por esse motivo de entender melhor do que quem é completamente sadio, o sofrimento do outro.
Filho de Chronos e Fílira, pertencia à geração divina dos Olímpicos. Pelo fato de Chronos ter-se unido a Fílira sob a forma de um cavalo, o Centauro possuía dupla natureza: equina e humana. Fílira era filha do Oceano e fora seduzida por Chronos. Um dia, estavam ambos terminando o ato amoroso, quando foram surpreendidos por Reia, esposa do mesmo. Este, imediatamente, fugiu sobre a forma de cavalo. Fílira, cheia de vergonha, escondeu-se nas florestas da montanha, onde, passado o tempo, deu à luz um Centauro, o famoso Quíron. À vista do monstro que dela nascera, metade homem, metade cavalo, experimentou a mãe tamanha dor, que suplicou aos deuses que dela se apiedassem e a metamorfosearam. Os imortais atenderam-na e foi transformada em tília, árvore em Grego chamada φιλύρα.
Quíron passou a sua primeira juventude nas florestas e nas montanhas. Vivia numa gruta, situada ao pé do monte Pélion, e era um gênio benfazejo, amigo dos homens. Tornou-se amigo de Ártemis e com ela costumava caçar, indicando-lhe os lugares onde se acolhiam os animais que a deusa desejava matar. Ao contrário dos demais Centauros, possuía uma inteligência brilhante, e o convício com Ártemis trouxe-lhe grandes vantagens. Com ela aprendeu o conhecimentos dos símplices e das estrelas. Sábio, ensinava música, a arte da guerra e da caça, a moral, a astronomia, mas sobretudo medicina. Foi o grande educador de heróis, entre outros, de Jasão, Héracles, Peleu, Teseu, Aquiles e Asclépio.
Quíron está no signo de Áries desde 2018 e nos convida a não nos desanimarmos e a agirmos com discernimento. Não é indicado sermos impulsivos ou entrarmos em conflitos desnecessários, e sim, lutarmos pelas nossas metas com sabedoria e consciência.
Referências:
BRANDÃO, J. S. Mitologia Grega v.2. Petrópolis: Vozes, 2009.
SPALDING, T. O. Deuses e Heróis da Antiguidade Clássica: dicionário de antropônimos e teônimos vergilianos. São Paulo: Cultrix,1974.
STEPHANIDES, M. Hércules. Trad. MICHAEL, Marylene P. São Paulo: Odysseus, 2005.
Deixe um comentário